Mulher negra, 33 anos, graduada em História, estudante de Direito, servidora pública. Nasceu em Salvador, cidade do seu pai e aos 3 anos foi morar em Santo Estevão, mais precisamente no Povoado Do Sítio do Aragão, onde vivia a família da sua mãe. É a mais velha de 7 irmãos cuja criação se deu no contexto rural, de trabalho na agricultura familiar. Aos 22 anos saiu da zona rural por conseguir conciliar seu primeiro emprego formal, como conselheira tutelar, e a graduação em História. É a primeira pessoa da família a acessar um curso superior e nesse espaço veio a percepção de como essas identidades – mulher negra, pobre, de origem rural – atravessavam todas as suas relações e vivencias e isso tornou evidente a necessidade de instrumentalização e autoafirmação. Não faltaram referências de colegas e professores com os quais teve a sorte de contar, sobretudo em espaços de formação muito ricos, para além da sala de aula, que não cabiam na formalidade engessada institucional. Apesar de não atuar na área de sua formação, entender quem ela é tem ajudado ela a ajudar pessoas próximas que passam pelo processo de auto reconhecimento, valorização da estética e conhecimento acerca dos processos históricos que nos trouxeram aqui.